Huna e as Figuras de Barbantes



As pessoas sempre foram arrebatadas pelo mistério dos mundos invisíveis. Temos estado intrigados com o conhecimento oculto, a sabedoria secreta, a magia kahuna. A palavra havaiana Huna entre outras coisas tem um significado literal de segredo escondido.

Esotericamente não é um conhecimento que foi mantido em segredo de nós, mas sim aquele que está dentro e deve tornar-se realizado. Nós só precisamos acessar essa energia invisível.

O que é que essa energia significa para nós e o que podemos fazer com ela? O mundo realmente é o que nós pensamos que é, nos diz o primeiro princípio – IKE, da Psicofilosfia Huna. O jogo infantil – figuras de barbantes, pode ser utilizado com foco nesta energia para promover a saúde, harmonia e bem-estar.

Se não há limites (segundo princípio – KALA) e se o pensamento é energia, então nossas orações, os nossos pensamentos conscientes ou imaginados dirigidos ao espírito, ao nosso eu superior, também estão ligados à nossa mente subconsciente. Assim fortalecendo as conexões, as nossas orações são respondidas através deste fluxo de energia. O que faz algumas preces serem atendidas e outras não podem ser os bloqueios em nossas memórias que reduzem a energia através do nosso corpo e nossa conexão com o fluxo.

O segredo por trás das figuras de barbante é que este jogo de criança é realmente uma ferramenta que pode ser usada para remover bloqueios e para concretizar sonhos, aumentando a nossa conexão com o fluxo de energia e a onda de manifestação.

O fazer e o desfazer nós, pode ser uma poderosa técnica para remover a constrição do fluxo de energia, para a manifestação de suas orações e seus sonhos. No primeiro nível, eles são um movimento físico com um sentimento evidente de liberação de energia. No segundo nível, eles são uma conexão telepática entre a mente consciente, o subconsciente e o eu superior. No terceiro nível são símbolos de bloqueio e liberação de bloqueio ou de oração e liberação da oração. No quarto nível há unidade entre você e o barbante.

Há uma figura de barbante feita no Havaí chamada Hana Ka Uluna, ou "Prepare o travesseiro." Esta figura foi utilizada em um ritual de cura, e é usada por sacerdotes. Uma série de nós é feita e orações são oferecidas. Os nós representavam a doença ou a constrição e o desatar dos nós representa a liberação daquela doença ou bloqueio. Cinco é um número relativo a cura, portanto, normalmente são feitos e liberados cinco nós. A liberação dos nós deve ser suave.

O sacerdote na presença do doente oferecia esta oração:

O hana ka uluna.
Ka paka a ka ua i ka lani.
Hana no e oki.
Ka hana kapu a Lono.
“E Lono e.
Eia kou pulapula la, ua ma’i.
A e Lono e.
E lawe i ka eha o ka ma’i a pau
I na pilikia o ia nei.
Kahiki-ku, Kahiki-moc, Kahiki-papaua a Kane,
E ola ia Kane-i-ka-wai-ola.”
Amama. Ua noa.

Faça o travesseiro.
A chuva está caindo do céu.
Prepare-se para cortar (a doença).
Imponha o tapu de Lono.
Oh, Lono,
Aqui está a sua prole. Ele está doente.
Oh, Lono,
Tire todas as dores da doença,
E os seus problemas.
Deuses do leste, do oeste, da concha de pérola de Kane (do mar).
Para conceder vida pertença a Kane da água da vida.
Amém. A oração terminou.

Após a oração um barbante era pego, uma volta era feita girando a parte direita do barbante sob a esquerda, em seguida, uma parte do barbante da mão direita era colocada para baixo através desta volta, tensionando um pouco o barbante, uma nova volta feita. Repetia-se o processo até ter-se o número de voltas desejado, normalmente de cinco a sete, pelo sacerdote. O formato final assemelha-se a uma corrente. Em seguida, o sacerdote colocava a corrente sobre o corpo do paciente estendendo-a a partir do umbigo em direção à cabeça. Então, ele puxava os finais do barbante, desfazendo todas as voltas deixando o barbante esticado. Em seguida, outra cadeia era feita da mesma maneira e colocada de lado a lado sobre o tórax, e a seguir o barbante esticado. Repete-se o processo em cada posição. O afrouxamento da cadeia provavelmente era um símbolo da liberação por parte do paciente de sua doença.

Em seguida, outra oração era feita para obter a resposta dos deuses da doença:

O Kama-mauli-ola, e ola.
Oia nei o... (nome do paciente), e ola.
O Kane, O Lono, O Kama-uli-ola
Eia oia nei o (nome do paciente).
E lawe i ka eha.
E lawe i ka hu’i.
E lawe i ka loku,
I ke kaumaha o ke kino.
Hoomama iaia.
O na eha a pau e lawe.
O ka pane ia oe c Kama-uli-ola
“E ola.”
Amama. Ua noa.

O Kama-mauli-ola, dá vida.
Deixe este (nome do paciente) viver.
Oh Kane, Oh, Lono, Oh, Kama-uli-ola,
Aqui está (nome do paciente).
Remova a dor.
Remova o sofrimento.
Retire a angústia,
O cansaço do corpo.
Reanime-o.
Remova todas as dores.
Oh, Kama-uli-olaf responda:
“Viva.”
Amen. A oração terminou.

Em seguida, o sacerdote, pegava o barbante em suas mãos, fazia duas voltas e amarrava-as juntas com um único nó, um nó acima, depois segurava as pontas do barbante em suas mãos. Enquanto separava suas mãos o nó era desatado. Este nó era feito várias vezes, colocado em diferentes posições no corpo, e depois separado após cada posição e refeitos. Um nó era mantido através da testa, depois, através do pescoço, do peito, do umbigo, da pélvis, o meio da coxa direita, do joelho direito, o meio da canela direita, a parte superior da articulação do tornozelo, o meio da coxa esquerda, e para baixo da perna esquerda como da direita.

Serge King ensina como usar palavras, imagens, sentimentos e movimentos para impressionar a mente subconsciente. A execução de figuras de barbantes é a parte de movimento desta equação. Quando combinados com palavras, imagens e sentimentos a força está com você e você sente o poder que traz a mudança pretendida.

Agora vem o conceito de dualidade e unidade. Se podem representar bloqueio, podem também representar o oposto, que neste caso é o próprio sonho. Há sempre dois lados da moeda. O povo havaiano entende esta expressão de opostos. Vê-se claramente na palavra Huna. Uma palavra que é composta de HU a energia ativa e NA a energia passiva, os aspectos masculino e feminino de nós mesmos.

A onda de energia, o ritmo dos padrões, a dualidade e a unidade são vistos na antiga arte de Hei ou Figuras de barbantes havaianas. Nas figuras de barbantes como na hula há simetria, de cima e de baixo, das montanhas e do mar, de dentro e de fora. O que a mão direita faz é visto no movimento da esquerda.

O nó que representava a constrição também representa o sonho. A partir desta perspectiva a realização de nós também pode representar bênçãos, sonhos e orações; e a liberação desses nós pode representar a liberação dessas bênçãos e sonhos para o universo e envio para o espírito maior em forma de uma oração.

O que é mais importante é a intenção. Se a sua intenção é a de liberar os bloqueios, então amarre os nós como símbolos daquela intenção. Se sua intenção é abençoar então embeba aqueles nós com a intenção de bênção.

Aplicando os sete princípios da Psicofilosofia Huna com a Hu e Na das figuras de barbantes, temos:

Ike: Um nó é um nó, não é um nó. Esteja ciente dos nós em sua vida. São eles constrições ou são bênçãos?

Kala: Estamos todos ligados. Nós somos todos livres para liberar ou fazer nós.

Makia: A energia flui e o que você faz com ela é de sua responsabilidade.

Manawa: O prender ou o movimento de tecelagem é no momento presente. O que você faz agora tem o efeito sobre o seu futuro.

Aloha: Como o Lei (colar) havaiano (uma cadeia de flores), a intenção é amor e harmonia.

Mana: O poder vem de dentro de você enquanto você tece, trança ou fortalece a comunicação entre seus três eus.

Pono: A sabedoria de fazer rede ou a construção de um novo conjunto de crenças é um dom de nossos antepassados.

Fontes:
- String Figures from Hawaii – Lyle A. Dickey – 1928.
- The Huna of String Figures: A Secret Magic Revealed - Lois Stokes

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